Longe demais das capitais – 1986
O começo!!!
O sucesso da coletânea Rock Grande do Sul ajudou a embalar o primeiro disco dos Engenheiros do Hawaii. Lançado um ano após aquela participação especial, Longe demais das Capitais é na minha opinião o melhor disco de músicas inéditas do grupo gaúcho. Na ocasião a banda era formada pelo trio Humberto Gessinger (guitarra), Marcelo Pitz (Baixo) e Carlos Maltz (bateria). Esse disco traz elementos característicos das bandas que surgiram na metade da década de 80. Tinha um lado de contestação. As grandes canções nesse período falavam de problemas políticos, a pouca liberdade que os pais davam para a juventude, etc. Classifico esse trabalho como o melhor, pois, a sensação que tenho cada vez que escuto as músicas desse álbum é que estou diante de um grupo que ainda estava “cru”, ou uma verdadeira banda de garagem que tinha conseguido chegar ao sucesso. A simplicidade melódica, sem grandes elementos de distorção, deixa o som simples e credencio a isso a principal qualidade do primeiro disco dos Engenheiros.
As canções:
O disco começa com a forte “Toda forma de poder”. Uma música que é sem dúvida é o principal selo ou referência do primeiro trabalho. Aquilo que falei antes o chamado “tom de contestação” está muito presente. Nessa canção, aparece o retrato e o que acontece em paises que viviam em guerrilhas ou ditaduras. Mostra a dificuldade das pessoas de saberem quem são os heróis ou bandidos. Além disso, tem uma crítica explicita as pessoas que notam algumas irregularidades e ficam estáticas sem reação. Alguns trechos para ilustrar melhor: “Eu presto a atenção no que eles dizem mais eles não dizem nada / Fidel e Pinochet tiram sarro de você que não faz nada...” “...Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada./ Toda forma de conduta se transforma numa luta armada / A história se repete mas a força deixa a história mal contada.”
Outras músicas que seguem uma linha semelhante a toda forma de poder nesse disco: Nossas vidas; Fé Nenhuma; Beijos Pra torcida,
Segurança, que foi a música que tornou a banda conhecida por causa do disco Rock Grande do sul, já fala mais dos sonhos da adolescência e como fazer para impressionar uma garota como, por exemplo, em um trecho da canção. “Ele era o tal, cheio de moral bom vivant. Parecia um galã usando óculos Ray ban.” Ou “Ele era o tal, um cara tão legal que fascinava você... Tinha uma Puma GT com vidro fumê”
Em Sopa de Letrinhas e Eu ligo pra você é um misto de história de amor com toques de reclamação sobre o que acontecia de injustiças naquele período (o que convenhamos não é diferente dos dias atuais).
Na música Longe demais das capitais (que também dá título ao disco) mostra um pouco da exclusão do RS do resto do País. Um trecho “nossa cidade é muito grande e tão pequena tão distante do horizonte do país”. Ainda tem a questão dos preconceitos e da violência “O terceiro sexo, a 3ª guerra e o 3º mundo, são tão difíceis de entender.
Para completar no disco ainda tem as músicas todo mundo é uma ilha; sweet begônia e crônica.
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